GRAN CIRCUS NORTE-AMERICANO: INCÊNDIO E TRAGÉDIA
Olá, Pessoal ...
Esse post traz relato desse lindo circo da imagem acima, cujo espetáculo circense com inúmeras atrações se transformou numa triste tragédia, vitimando espectadores sendo que 70% deles eram crianças.
Voltando no tempo para 1961 em Niterói, Rio de Janeiro. A cidade estava em festa e muito animada ao ser anunciada através de desfiles tradicionais de circo onde distribuíram panfletos levando sorriso e alegria aos olhos das crianças que ali se instalaria um lindo e magnífico circo.
O circo era anunciado como o maior circo da America Latina, com 60 artistas, 20 funcionários e 120 animais. E ainda nos anúncios da época, Danilo Stevanovich providenciou uma lona nova contendo nailon de boa qualidade que pesava seis toneladas.
Em Niterói, o circo se instalou na Praça do Expedicionário bem no centro da cidade, para atrair mais públicos durante sua estadia no local.
Durante o período de montagem do circo, Danilo precisou de mais mão-de-obra para que o circo ficasse montado a curto prazo. 50 homens compareceram para execução das tarefas propostas e um deles era Adilson Marcelino Alves, conhecido como Dequinha. Ele tinha antecedentes criminais e famoso por arrumar confusões por onde passava e não demorou muito para que os funcionários do circo percebesse seu comportamento estranho.
E após dois dias de trabalho, Dequinha foi demitido por Danilo Stevanovich e o rapaz inconformado e revoltado pela sua demissão, decidiu planejar vingança contra Danilo.
Por outro lado, os preparativos prosseguiram tranquilamente e a venda dos ingressos em alta velocidade. Tanto que Danilo ordenou os encarregados da bilheteria suspendesse as vendas por enquanto pois gostaria que o público estivesse bem acomodados e queria mais segurança no local para atender principalmente o público infantil.
Nos dias após a sua demissão, Dequinha passou a rondar o circo pensando na sua vingança. E quando soube da data de estréia, passou a providenciar tudo o que necessitava. Chamou dois comparsas para ajudar a colocar o plano em prática José dos Santos, conhecido como Pardal e Walter Rosa dos Santos, o bigode. Dequinha não revelou na conversa o que ele pretendia fazer em relação ao circo, somente revelou que na hora eles iriam ficar sabendo.
Na véspera da estréia, Dequinha aparece no circo e começou a provocar o arrumador Maciel Felizardo alegando ser o responsável pela demissão dele. O arrumador por sua vez não gostou nada da presença de Dequinha no local e discute com ele e parte para as agressões físicas e Dequinha que acabou levando a pior, se retira jurando vingança.
Tudo pronto para o grande dia, funcionários animados e ansiosos para a apresentação começar, público chegando aos poucos para aguardar o portão se abrir pois uma grande fila se formou no lado de fora do circo. Por outro lado, Dequinha de longe observa e se aproxima na tentativa de colocar o plano em prática do lado de dentro do circo. Quando chega o momento dele entrar sem pagar é visto pelo tratador de elefantes Edmilson Juvêncio e o impediu de entrar. Sem sucesso, foi embora e passou a elaborar um plano de vingança pelo lado de fora do circo mesmo.
Quando foi no dia 17 de dezembro de 1961, Dequinha e seus comparsas se reúnem e o mesmo revela o plano de vingança: atear fogo no circo. Mas como não dá para ele fazer sozinho sem ser visto pelos funcionários do lado de fora, precisava de alguém para dar cobertura enquanto o outro jogará gasolina na lona e ele riscar o fósforo e jogar.
Walter, o bigode alerta o Dequinha para o risco de morte que o incêndio causará se ele colocar fogo na lona com pessoas lá dentro e pergunta se não seria melhor incendiar o circo com ele vazio com os artistas lá dentro. Dequinha fica irredutível e decide que vai incendiar o circo lotado de pessoas lá dentro porque o prejuízo vai ser bem maior.
Dequinha e seus comparsas acompanham a movimentação no circo a distância e aguardam alguns minutos antes da hora do espetáculo acabar para colocar o plano macabro em prática. Assim que deu o horário previsto, Dequinha e Bigode partem para a execução do plano enquanto Pardal fica do lado de fora dando cobertura conforme o combinado.
Bigode jogou gasolina na lona andando poucos metros sem que ninguém o visse e depois saiu rapidamente pela lateral onde não havia ninguém. Minutos depois Dequinha riscou o fósforo e acendeu o estopim para a tragédia anunciada ...
Não demorou muito para que as chamas consumisse parte da lona. Uma trapezista ao notar o incêndio, deu o alarme ao pessoal que imediatamente tratou de sair às pressas do local. Mas saibam que essa tentativa não foi tão fácil. Isso porque o circo tinha naquele dia 3.000 pessoas e em cinco minutos, a chama consumiu rapidamente a lona que não demorou para ela ceder e atingir as pessoas que ali estavam andando ou correndo para encontrar a saída rapidamente.
Um fato inusitado aconteceu. Durante o incêndio, um elefante conseguiu escapar e se dirigiu justamente para a lona e com a força extraordinária, arrebentou parte dela para que as pessoas que ficaram embaixo dela pudesse sair e chamar por bombeiros e demais pessoas para tirar o restante do local.
Assim que o fogo foi controlado, o cenário da tragédia foi revelado: 372 mortos, supostamente ou queimados, ou pisoteados ou intoxicados pelas chamas. O material da lona não era nailon como foi anunciado dias antes da estréia e sim algodão revestido por parafina (material altamente inflamável).
Na semana em que houve apresentação do circo, a cidade estava passando por momento complicado. Os médicos entraram em greve e alguns hospitais estavam fechados.
No dia tragédia o cenário não foi diferente. A população arrombou as portas do Hospital Antônio Pedro para que os feridos pudessem ali ficar enquanto parte da população saiu para procurar enfermeiros e médicos no meio dos curiosos.
Não demorou muito para que a notícia do incêndio do circo fosse anunciado nas rádios e emissora de televisão pedindo para que médicos e enfermeiros comparecessem até Niterói para dar assistência aos feridos em estado mais grave.
Vale lembrar que essa tragédia não somente abalou o país como também o mundo. Médicos da Argentina se ofereceram para trabalhar no hospital dando assistência aos mais graves e os Estados Unidos mandou grande quantidade de soro, medicamentos e materiais cirúrgicos para os hospitais onde estavam internados os feridos do incêndio.
A cidade do Rio de Janeiro se sensibilizou ao deparar com o cenário da tragédia que tornou-se uma verdadeira catástrofe aos olhos de quem conseguiu acompanhar de perto e aderiu a campanha, tanto que o médico cirurgião plástico Dr. Ivo Pitanguy foi um dos que compareceu para ajudar os feridos.
Enquanto profissionais da saúde lutavam contra o tempo para atender aos sobreviventes, a polícia ganhou tempo e conseguiu rapidamente identificar o responsável pela tragédia macabra: Adilson Marcelino Alves, o Dequinha. Ele somente foi apontado como suspeito quando a polícia ouviu o depoimento dos funcionários do circo.
No dia 22 de dezembro, Dequinha e seus comparsas foram presos e durante o interrogatório ele assumiu a responsabilidade pelo incêndio e confirmou à polícia a motivação do crime. E no dia 24 de outubro de 1962, Dequinha foi condenado a 16 anos de prisão e mais 6 anos de internação em manicômio judiciário, como medida de segurança. Bigode foi condenado a 16 anos de prisão e mais um ano em colônia agrícola. Pardal foi condenado a 14 anos de prisão e mais dois anos em colônia agrícola.
Em 1973, um mês depois de sua fuga, Dequinha foi assassinado.
Para maiores detalhes dessa triste tragédia, segue abaixo o vídeo com depoimento de testemunhas e sobreviventes, confiram:
clique aqui
Esse foi um breve relato sobre a tragédia do Gran Circus Norte-Americano em 1961.
Até mais ...
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