CRIME MEDIEVAL QUE INSPIROU OBRA DA LITERATURA
Olá, pessoal ...
Esse post traz para vocês uma personagem medieval que cujo crime inspirou um clássico da literatura.
De uma mera dama de companhia à rainha cuja história de amor se transformou numa sombria tragédia.
Se vocês gostam de romances medievais com toque de brutalidade, sejam bem vindos e confiram pois a viagem começa a partir de agora ...
A personagem dessa história sombria em questão é Inês de Castro (1325 - 1355), oriunda de uma família galega.
Filha de Pedro Fernandes de Castro e Aldonça Lourenço de Valadares, teve uma educação rígida e exemplar.
Na juventude foi enviada para um família nobre e muito prestígio na região à serviço direto de Constança Manuel que estava de casamento arranjado com o príncipe de Portugal, Pedro I que não era filho de D. João VI.
Em 1340, Constança levou consigo uma pequena comitiva recomendada pelos seus pais e entre eles sua dama favorita: Inês de Castro.
Assim que chegou em Portugal, diante da recepção da família real portuguesa, foi de imediato recepcionada pelo príncipe Pedro I que ficou encantado com a beleza sutil da moça.
Tudo correu muito bem e o casamento de Constança e Pedro foi realizado. O coração de Pedro já tinha dona antes do matrimônio ser concretizado: Inês de Castro. Porém, o casamento para o príncipe não era por amor a Constança e sim para firmar acordos políticos e econômicos entre os dois reinos.
Dessa união nasceram os filhos legítimos: Luis de Portugal (1340), Maria - princesa de Portugal (1342 - 1367) e Fernando, rei de Portugal (1345 - 1383).
Mesmo casado com Constança, Pedro e Inês se encontravam secretamente inciando uma história de amor que tempos depois se tornou um inferno para o casal, através de intrigas na corte no qual chegou aos ouvidos do rei Afonso IV, pai de Pedro.
Dias depois, Inês foi levada para o Convento de Santa Clara no qual passou a permanecer enclausurada. A tentativa de separar os amantes foi em vão.
Assim que soube do local onde foi levada a sua amada, Pedro passou a se comunicar com ela através de cartas que embarcavam e desembarcavam num riacho que cruzava o convento.
Tempos depois ela foi liberada e passou a viver de castelo em castelo a pedido do rei até morar definitivamente no castelo da avó de Pedro, Santa Isabel, localizado na Quinta das Lágrimas.
Enquanto Inês estava instalada no castelo, Constança morreu ao dar a luz ao seu terceiro filho, Fernando deixando Pedro viúvo e livre para viver o seu grande amor ao lado de sua amada.
Dessa relação nasceram os filhos "ilegítimos": Afonso de Portugal (assassinado em criança), Beatriz, princesa de Portugal (1347 - 1381), João - príncipe de Portugal (1349 - 1387) e Dinis - infante de Portugal (1354 - 1397).
O romance que deu frutos desse relacionamento, piorou ainda mais o clima na corte portuguesa no qual aumentou rumores a respeito da nova família de Pedro com Inês de Castro, mesmo ela estando fora do castelo e longe da corte portuguesa.
Diante da "tempestade" no reinado de Afonso IV, pai de Pedro, o obrigou a reunir-se com Diogo Lopes Pacheco, Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves, o Monte-mor do castelo. Eles decidiram que o melhor a ser feito naquele momento era tirar Inês definitivamente do caminho de Pedro: a morte.
Em 1355, aproveitando que Pedro viajou para curtir a temporada de caça, o grupo viajou até o castelo onde estava Inês de Castro com sua família. Afonso IV e os três homens de sua confiança idealizaram a morte de Inês para colocar ponto final no romance do casal definitivamente.
Ao encontrar a moça sentada na fonte apreciando a paisagem, acharam o momento oportuno para colocar o plano em prática. Pressentindo o que iria acontecer, Inês chorou implorando para que não a matasse por Pedro.
Suas súplicas foram ignoradas e Inês foi degolada viva e sofreu golpes de espada decretando sua morte no local. O grupo saiu do local imediatamente.
Quando Pedro retornou de viagem e ao saber dos detalhes da morte de sua amada Inês, sua ira ficou incontrolável e declarou guerra contra seu pai, reunindo vários guardas de sua confiança e passou a assaltar e saquear bens dos integrantes da corte de seu pai e matando várias pessoas que encontrassem pelo caminho, ocasionando um banho de sangue jamais visto na corte. Por alguns meses a guerra prosseguiu entre pai e filho.
Em 1357, após um tratado de paz entre pai e filho, Afonso IV morreu. Pedro assumiu a coroa e a primeira providência que ele tomou de imediato foi perseguir os assassinos de Inês de Castro.
Ele ordenou que os guardas localizassem e prendessem todos que estiveram envolvidos na morte de sua amada.
Assim que descobriu os fidalgos ligados a seu pai e que na época da morte ordenou que intensificasse a busca e a prisão dos envolvidos.
Diogo Lopes Pacheco assim que soube da morte do rei, fugiu para França escapando da ira de Pedro. Os seus companheiros não tiveram a mesma sorte foram localizados e presos.
Posteriormente foram julgados e condenados a morte por execução sumária. Durante a execução, um teve o coração arrancado um pelo peito e o outro teve o coração arrancado pelas costas.
Logo em seguida, os corpos dos assassinos foram queimados em praça pública. Enquanto isso, Pedro saboreou um banquete tranquilamente.
Dias depois, Pedro ordenou que Inês fosse desenterrada e em uma cerimônia curta e discreta, ela foi coroada rainha, mesmo depois de morta.
Após a cerimônia, ordenou que fosse construída uma linda sepultura para sua amada e uma outra de frente para ela no Mosteiro de Alcobaça.
Os dois permanecem sepultados no local até hoje.
DO CRIME À LITERATURA:
Uma obra prima, clássica da literatura portuguesa se inspirou no romance e morte de Inês de Castro.
O livro "Os Lusíadas" de Luis Vaz de Camões reservou suas quadras dedicadas somente à essa personagem para que todos jamais esqueçam da sua história de amor que resultou numa morte cruel e sombria.
Eis o trecho famoso que vocês poderão conferir na íntegra no livro:
" Tais contra Inês os brutos matadores,
No colo de alabastro sustinha
As obras com que Amor matou amores
Aquele que depois a fez Rainha.
As espadas banhando e as brancas flores,
Que ela dos olhos seus regados tinha,
Se encarniçavam, fervidos e irosos,
No futuro castigo não cuidosos".
Esse foi mais um singelo relato de um crime medieval sombrio que inspirou obra literária.
Até mais ...
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