MULHERES ALÉM DE SEU TEMPO
Olá, pessoal...
Esse post traz para vocês a nossa singela homenagem às mulheres que marcaram história em diferentes época perante a uma sociedade conservadora e machista.
O que aconteceu com elas é passível de filme de drama ou terror.
Se vocês gostam de relato de mulheres corajosas e quebraram tabus, sejam bem vindos e confiram pois a viagem começa a partir de agora...
LINDA DE MORRER:
Ela fez jus ao título bizarro acima. Em uma sociedade onde mulheres eram preparadas para casar, ser esposas perfeitas e ter filhos, essa conseguiu quebrar qualquer barreira imposta pela sociedade.
Por acaso conhecem Margaretha Gertruida Zeller (1876-1917)? E Mata Hari?
Nascida nos Países Baixos, oriunda de família bem sucedida politicamente e socialmente, estudou nos melhores colégios e aprendeu três idiomas.
Formou-se professora e lecionou em um colégio para meninas. Porém, aos 15 anos ela perdeu sua mãe. Isso não a impediu de realizar seu sonho de ser dançarina que fora proibida pelo seu pai que lhe era muito rígido.
Quando trabalhou como professora seu destino estava traçado pelo seu pai: estava noiva de um oficial do exército.
Casou-se aos 18 anos e teve dois filhos. Se pensaram que sua vida era um mar de rosas enganaram-se. Após o nascimento do segundo filho, sentiu-se cansada do marasmo da vida pacata do círculo social e queria mais: ser livre para decidir por si só o rumo de sua própria vida.
Largou o marido e seus filhos e partiu para Paris para estudar dança contemporânea e clássica, já que falava bem francês. E dois anos depois, partiu para ilha de Java para aprender dança exótica que fora sua marca registrada.
Enquanto estava na ilha de Java, resolveu rapidamente mudar seu nome: Mata Hari que significa no idioma local "sol da manhã".
De volta a Paris, apresentou-se nos bordéis luxuosos e como cortesã relacionou-se com a alta nata da sociedade incluindo políticos e militares do alto escalão.
Em 1915, no meio da Primeira Guerra Mundial surgiu a oportunidade de trabalhar como espiã na Alemanha, pois Mata Hari já falava cinco idiomas distintos.
No período em que estava na Alemanha, colheu as informações necessárias e no momento de retornar ao país de origem, foi convidada para trabalhar como agente dupla para o governo alemão.
Em 1917, Mata Hari foi presa, julgada e condenada a morte por alta traição e espionagem. No dia da execução ela recusou estar com capuz e mandou beijos ao pelotão de fuzilamento.
Minutos depois, morreu alvejada por quatro tiros.
Ela ficou no esquecimento por vinte anos aproximadamente e ganhou as telonas entre as décadas de 60 e 80 com sucesso de bilheteria tornando-se um clássico do cinema europeu.
ELA ESCAPOU DA MORTE TRÊS VEZES:
Se a Fé é capaz de mover uma montanha como disse Jesus em suas famosas parábolas, essa mulher conseguiu a proeza de escapar da morte três vezes e segundo depoimento dela anos antes de sua morte de causa natural.
Afinal de contas quem é essa mulher que nasceu e renasceu três vezes seguidas? Leiam e se surpreendam com esse relato passível de filme de drama.
Violet Constance Jessop (1887 - 1971) teve sua vida marcada pelo poder da Fé no qual era religiosa ao extremo, advinda de uma família católica e de imigrantes irlandeses e na década de 1880, mudaram-se para a Argentina.
Nos primeiros meses de vida, contraiu tuberculose e quando seus pais foram informados que a menina não sobreviveria, dias depois amanheceu curada para a surpresa de todos.
Formou-se em uma colégio católico e se interessou pelos estudos de enfermagem que era seu maior sonho.
Após a morte de seu pai, a mãe e seus irmãos mudaram-se juntamente com Violet para Grã-Bretanha onde havia muitas oportunidades de trabalho.
Não demorou muito para que Violet encontrasse um bom emprego. Quando sua mãe ficou doente, arrumou emprego como comissária de bordo no mesmo navio em que sua mãe trabalhava como camareira para melhor cuidar dela.
Ela embarcou no RMS Olympic porém, não gostava muito de navegar pelo Atlântico Norte isso foi sempre seu descontentamento inexplicável.
No dia 20 de setembro de 1911, ela novamente estava a bordo do Olympic quando este estava na ilha de Wight, colidiu com um navio de pequeno porte um cruzador HMS Hawke que foi totalmente destruído ao ser atingido de frente pelo Olympic que era aproximadamente 5 vezes maior que o cruzador.
O Hawke foi sugado pelas hélices do Olympic que por sua vez teve seus compartimentos danificados impossibilitando seguir viagem, obrigando todos os passageiros desembarcarem imediatamente.
Violet estava acostumada a viajar no Olympic após meses de reforma quando foi convocada a viajar no seu irmão mais novo considerado na época o maior transatlântico do mundo.
Como funcionária exemplar, cumpria ordens minuciosamente e era muito querida pela tripulação e passageiros mais refinados.
A princípio ela não queria viajar a bordo do Titanic quando soube que a alta nata da sociedade britânica viajaria a bordo na nova sensação do momento.
Tudo correu bem dentro do possível quando em 1912 a viagem fatídica ocorreu.
Ela sempre carregava consigo seu terço e uma oração em hebraico traduzida para o inglês por uma passageira amiga de Violet.
Na noite de 14 de abril de 1912, tudo mudou após a colisão do navio contra um iceberg. Violet estava custando a dormir quando foi chamada para ir até o convés onde os botes salva-vidas estavam preparados.
As mulheres e seus filhos não queriam embarcar pois acreditavam que iriam afundar e não desejavam ficar viúvas.
Ela entrou juntamente com suas colegas mostrando que o bote eram seguro à bordo e um funcionário pediu para segurar um bebê enrolado em cobertores e ela o protegeu toda a viagem.
Após 8 horas no bote, foram resgatadas pelo RMS Carpathia e assim que desembarcou Violet estava toda gelada e muito fraca e havia uma mulher que não parava de agradecer por ter cuidado do bebê.
Dias depois ficou sabendo que a mulher era a mãe do bebê.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Violet trabalhou na Cruz Vermelha como enfermeira . À bordo do navio hospital HMHS Britannic em 1916, atingiu uma mina marinha e nafragou no mar Egeu.
Violet estava no bote somente com uma escova de dente no qual ela sentiu muita falta no nafráugio do Titanic. Sua alegria durou pouco pois o bote foi sugado pelas hélices do navio.
Ela pulou na água e bateu a cabeça com a cabeça ficando inconsciente por alguns instantes. Foi salva por um outro bote. Mais uma vez escapou da morte.
Por mais vinte anos trabalhou em navios como comissária de bordo e enfermeira. Casou-se em 1920 e não teve filhos. Se aposentou em 1950.
Faleceu em 1971 de insuficiência cardíaca.
Impossível essa mulher não ter marcado a história por sua coragem e bravura por ter sobrevivido a três naufrágios pela sua Fé.
O ANJO DO HOLOCAUSTO NAZISTA:
Se na Segunda Guerra Mundial teve mulheres que chocou o mundo pelas suas atrocidades nos campos de concentração, que em breve estarão aqui no Blog aguardem; essa mulher trilhou o caminho oposto: salvou vidas de mais de 2.500 crianças do holocausto nazista.
Essa Schindler de saias era polonesa e escapou da morte quando passou a trabalhar para os oficiais nazistas. Sua função era além de dar comidas nos buracos da muralha do gueto e principalmente escolher quem iria ou não para o holocausto.
Irena Sendler (1910 - 2008), não fez nada disso. Ela simplesmente sequestrou crianças judias que perderam seus pais e seus nomes verdadeiros foram colocados nos cadáveres de crianças mortas de fome no gueto.
Elas ganharam nova identidade e nova oportunidade de levar uma vida tranquila longe das atrocidades dos soldados nazistas.
Vocês devem estar perguntando como ela fez tudo isso sem ser notada pelos soldados nazistas?
Tudo começou em 1939 quando a Alemanha Nazista invadiu a Polônia ela trabalhava como assistente social, ajudando pessoas pobres com comidas, agasalhos e remédios além de abrigo temporário.
Em 1942, os nazistas criaram o gueto em Varsóvia, Irena ficou horrorizada com as condições em que os judeus ali viviam, uniu-se ao comitê no qual sua função era controlar a doença epidêmica de tifo no qual os soldados tinham medo de contrair a doença.
Foi nesse momento que a Irena teve uma brilhante ideia de sequestrar as crianças do gueto transportando as em sacos, caixões de madeiras, caixas de ferramentas tudo para que os soldados não desconfiassem de nada.
Tudo estava correndo muito bem quando no dia 20 de outubro de 1943 ela foi presa pela Gestapo e encaminhada para a prisão de Pawiak onde foi torturada severamente por desacato às ordens dos oficiais.
Foi questionada quanto ao abrigo no qual haviam milhares de crianças judias e colaboradores judeus do gueto de Varsóvia. Ela aguentou firme cada golpe que levava, principalmente quando quebraram-lhe ossos dos pés e das pernas. Segundo relatos dela antes de morrer em 2008, eles não conseguiram quebrar sua determinação em salvar os judeus durante a Segunda Guerra.
No dia seguinte foi julgada e condenada a morte. No dia da execução a porta da cela abriu repentinamente e gritaram para ela em polaco para ela correr e fugir. Ela viu o seu nome na lista dos executados.
Ela aguardou o final da guerra com a lista das crianças "mortas" enterradas em potes no fundo do abrigo. Ela somente desenterrou as listas quando a guerra chegou ao fim e foram entregues à Adolfo Berman.
A princípio as crianças foram enviadas para orfanatos já que seus pais foram mortos nos campos de concentração. Posteriormente, foram encaminhadas para a Palestina.
Em 1965, uma das crianças na fase adulta reconheceu a nobre mulher: "Eu conheço a senhora. Você me salvou do holocausto". E para sua surpresa em Jerusalém ela recebeu título honoris causa.
Ela morreu em 2008 em Varsóvia Polônia e em sua homenagem em Jerusalém foi inaugurado um memorial para que seu gesto humanitário jamais fosse esquecido por todos os judeus.
As homenagens à essa heroína não parou por aqui.
Em 2010, o filme que leva seu nome foi lançado tendo Anna Paquin como atriz principal. A película ganhou Globo de Ouro como melhor produção e atriz.
Para quem ainda não assistiu, vale a pena conferir...
Aos amantes de literatura, em 2013 foi lançado o livro que leva seu nome, escrito por Anna Mieszkowksa relata com maestria a trajetória de vida e coragem da nossa guerreira da vez.
Quem ainda não leu, vale a pena conferir.
ELA SE INTERNOU NO HOSPÍCIO:
Nascida como Elizabeth Cochran Seaman, foi jornalista, escritora, administradora de empresa.
Mulher de muitos talentos marcou a história pela sua coragem de denunciar um hospício que funcionava em condições precárias.
Como ela fez isso?
Tudo começou quando ela começou a escrever no Pittsburg Dispatch jornal importante de sua cidade onde semanalmente publicava artigos voltados ao público feminino.
Para isso, ela assinava com o pseudônimo Nelly Bly mas no momento da impressão colocou Nellie Bly e fez mais sucesso.
Meses seguintes trabalhando no jornal, foi correspondente no México.
Aos 21 anos, ficou seis meses no país escrevendo sobre cultura e vida do povo mexicano. Cujos textos provocaram a ira do ditador Porfírio Diaz onde recebeu duras críticas quanto às prisões dos jornalistas mexicanos e contra o governo referindo como tirano e repressor à liberdade de expressão.
Convidada a se retirar do país, retornou aos EUA e em 1887, pediu demissão do jornal e foi para Nova Iorque onde trabalhou no New York World onde recebeu uma missão especial: trabalhar como jornalista disfarçada e principalmente se passar por louca para denunciar as péssimas condições no hospício para mulheres na ilha de Blackwell.
Não pensou mil vezes e aceitou o desafio. Para que seu feito fosse perfeito passou três dias na frente do espelho treinando expressões faciais e comportamentos convincentes para ser considerada louca por terceiros para isso, se hospedou numa pensão.
Na primeira noite ela colocou seu plano em prática: ela simulou que tinha pânico de dormir em quarto escuro e andava pelos cômodos como sonâmbula e quebrou alguns copos e velas acreditando que estava vendo espíritos ruins querendo matá-la.
No dia seguinte o dono da pensão chamou a polícia alegando que sua "hóspede" estava louca. Na delegacia disse para as autoridades policiais que ela não se lembrava de absolutamente o que ocorreu na noite anterior, alegando que estava com muito sono e dor de cabeça.
Ao ser examinada, foi diagnosticada com esquizofrenia e encaminhada para o hospício para mulheres.
Ficou no local por dez dias, tempo suficiente para Nellie Bly colher provas e depoimentos de internas para a denúncia no jornal em que trabalhava.
No local ela detectou esgoto no chão do refeitório e comida estragada que era servida aos internos. Os mais rebeldes eram acorrentados uns aos outros.
Os demais tinham que permanecer sentados em um banco de alvenaria tomando sol, chuva e frio por mais de seis horas ininterruptas sem direito a ir ao banheiro, pois suas necessidades fisiológicas eram feitas ali mesmo.
Eram constantemente agredidas por enfermeiras rudes que gritavam com eles o tempo todo.
Os banhos eram feitos com balde de água fria jogados nas cabeças dos pacientes.
Também foi detectado por ela que algumas pacientes foram internadas à força sem ter alguma doença mental comprovada por médicos competentes que recebiam dinheiro de suas famílias para que estas ali permanecessem até a morte.
Em seu jornal logo após receber alta. um texto de sua autoria repercutiu em todo o país chocando autoridades políticas e médicas:
"Gostaria que os médicos em questão tomassem a liberdade de encaminhar suas filhas e esposas para uma clínica psiquiátrica ou sanatório e ali exigissem de cada uma delas para que estas ficassem caladas, sentadas por mais de seis horas recebendo gritos, socos e tapas na cara. Acrescentem comida de péssima qualidade e água não potável para beber.
Garanto aos senhores que elas enlouqueceriam em mais de dez dias nessas mesmas condições".
Casou-se em 1895 com o empresário Robert Seaman de 71 anos e ela tinha 31 anos e com o casamento aposentou-se do jornalismo e tornou-se empreendedora e presidente da Iron Clad Manufacturing Co que fabricada conteiners para lata de leite e chaleiras.
Ela inventou embalagens de leite em pó e cestos de lixo, no qual recebeu patente pela sua invenção e lucros positivos para a empresa logo após o falecimento de seu marido em 1904.
Retornou ao jornalismo em 1913, logo após a sua empresa ter entrado em falência por desfalques dos empregados gananciosos.
Em 1922, faleceu vítima de pneumonia no hospital St. Mark e foi sepultada no Cemitério Woodlawn.
Esse foi uma singela homenagem às mulheres além do seu tempo capazes de entrar para a história com coragem diante de uma sociedade conservadora e tradicional.
Até mais...
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