CRIME DO POÇO, 1948 EM SÃO PAULO
Olá pessoal,
Esse post vai relatar um crime que ocorreu na década de 40 que causou
comoção e revolta não somente em São Paulo como também em todo o país.
Trata-se do Crime do Poço como ficou conhecido pela tamanha crueldade.
Paulo Ferreira de Camargo era químico e professor de química orgânica na
Universidade de São Paulo e tinha 26 anos na época. Morava com sua mãe Benedita
Ferreira de Camargo, na época 56 anos e suas irmãs Maria Antonieta de 23 anos e
Cordélia de 19 anos.
Paulo por ter sido o único filho homem da casa, carregou para si o peso
da responsabilidade de ser o "arrimo" da família. O peso aumentou
quando sua irmã Maria Antonieta ficou doente com esquizofrenia e logo, seu
irmão teve que bancar o tratamento médico dela já que as despesas deixadas pelo
pai quando faleceu, estava chegando ao fim.
E tempos depois para aumentar ainda mais o peso da pressão em sua vida,
Paulo teve um romance com uma enfermeira que não foi aceita pela sua família
por ela não ser mais virgem.
Quando as três mulheres souberam desse detalhe,
começaram uma campanha pressionando o Paulo a se afastar da moça, mas, nada
adiantou...
Tanto que Paulo nesse momento começou a adquirir comportamento muito
estranho e despertou olhares mais apurados de pessoas mais próximas dele:
- Passou a andar armado. Tanto que em uma das aulas deu tiros nos
materiais químicos alegando que era somente para estudar o atrito da pólvora
com eles. Mas ninguém conseguiu acatar seus motivos;
- Passou a perguntar para o professor chefe no qual estudava teses
científicas de quais materiais eram eficazes para corroer rapidamente
cadáveres;
- Se afastou do núcleo social e não conversou mais com seus amigos como
antes;
- Construiu um poço artesanal no quintal de sua casa alegando a sua família
que para estudos botânicos na fabricação de adubos orgânicos e necessitava de
água não encanada para isso;
- Se ausentou por duas semanas alegando que iria viajar para o Paraná
com sua família e que não iria deixá-las viajarem sozinhas;
- Voltou da viagem sem falar algo sobre ela a não ser se fora
questionado.
Todos esses fatores foram levados em consideração para o que vou relatar
a seguir: a execução do crime.
No dia 4 de novembro de 1948, Paulo colocou seu plano em prática em duas
etapas. Entre 9 e 10 horas da manhã, ele matou a mãe e sua irmã Maria Antonieta
a tiros e as levou para o quintal.
Como a sua irmã mais nova não estava em casa na hora das execuções,
aguardou sua chegada normalmente e enquanto isso ele tratou de pegar panos
pretos e enrolar os corpos de sua mãe e sua irmã mais velha e amarrá-los bem
para serem jogadas dentro do poço.
Sua irmã mais velha trabalhava como datilógrafa e estudava filosofia na
faculdade de Ciências e Letras da USP, mesma universidade no qual seu irmão
trabalhava e isso era mais um detalhe que não passou despercebido nas
investigações policiais na época.
Assim que Cordélia chegou em casa por volta da meio-dia, ela foi também
executada a tiros por Paulo e seu corpo levado para o quintal onde fora
enrolado com pano preto e amarrado para que fosse também ocultado e jogado
dentro do poço.
Assim que os três corpos das três mulheres estavam dentro do poço, Paulo
todos os dias jogou produtos químicos na tentativa de disfarçar o cheiro e
enganar a polícia quando alguém sentir falta das três no núcleo social.
Até lá, Paulo levou a vida normalmente e passou a ser um homem acima de
qualquer suspeita. Mas não por muito tempo: assim que algumas pessoas
comentaram com ele sobre a ausência das mulheres e souberam do acidente de automóvel
no Paraná, despertou desconfiança nelas.
Pelo simples motivo: se elas morreram de fato de acidente de carro,
porque os jornais não noticiaram a respeito? Quando e onde foi o enterro? Por
que Paulo não comunicou a morte para sua família e amigos próximos?
Ele não conseguiu sustentar essa versão por muito tempo. Até que chegou
aos ouvidos apurados e experientes da polícia.
Após muitos dias de investigação, no dia 23 de novembro, os policiais
chegam na casa de Paulo e iniciaram as diligências em busca dos corpos das três
mulheres desaparecidas até então...
Os policiais assim que entraram no quintal da casa, sentiram forte odor
advindo do poço que ali havia e chamaram os bombeiros para que o poço fosse
aberto e averiguassem se ali estavam os corpos das três mulheres desaparecidas.
Assim que percebeu que todos estavam perto de descobrir seu crime, Paulo
Camargo comunicou os policiais que precisava ir até o banheiro e logo
retornaria para acompanhar as buscas.
Minutos depois após acompanhar pelo vitrô do banheiro a movimentação no
poço e perceber que iria ser preso após a retirada dos corpos, apontou uma
garrucha em seu próprio peito e disparou um tiro na altura do coração
suicidando-se.
Paulo e sua família foram sepultados no cemitério da Consolação, em São Paulo.
Dias depois, um dos bombeiros que participou da operação de resgate dos corpos
no poço, morreu de infecção cadavérica.
No dia 25 de novembro de 1948, a enfermeira que teve um romance com
Paulo deu entrevista aos jornais confirmando que a mãe e irmãs pressionaram
contra o namoro de ambos.
A casa da família localizava na rua Santo Antônio, 104, esquina para a
Avenida Nove de Julho, no centro de São Paulo.
Segundo relatos, o terreno onde ali era a casa dos Camargo foi
considerado macabro. Nos tempos antes da Abolição da Escravatura, bem ali onde
ficava a casa, existia um pelourinho onde os escravos mais rebeldes ou
desobedientes eram ali castigados ou mortos.
Tempos depois, a casa
foi demolida e passou a existir um imponente edifício de 10 andares de
estacionamento e mais 25 andares de escritórios: o Edifício Joelma. E na época da construção,
foram alertados da fama de mau agouro que o terreno tinha e na planta modificaram a entrada e a
numeração do edifício para fugir da fama.
Mas não adiantou e no
dia 1º de fevereiro de 1974, o edifício tornou-se palco de uma grande tragédia
que chocou São Paulo e o país. Esse assunto será abordado no próximo post e segue abaixo o link sobre esse crime macabro que chocou São Paulo em 1948:
Esse foi mais um breve relato sobre o crime do poço.
Até mais...
O cara coloca a mão no bolso e dá um tiro no peito, que coisa esquisita.
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