SERIAL KILLER: O ASSASSINO SOMBRIO
Olá, pessoal ...
Se em nosso Blog alguns serial killers publicados deixam qualquer um horrorizado, imaginem o novo vilão da vez.
Se pensaram que serial killers existem somente em livros, filmes de terror ou em páginas policiais de cunho internacional, lamento desapontá-los.
O nosso vilão agiu aqui em solo brasileiro na década de 20 do século XX, deixando São Paulo em pânico principalmente com uma série de desaparecimento de meninos no centro da cidade.
Se vocês gostam de relatos de serial killers genuinamente brasileiros, sejam bem vindos e confiram pois a viagem começa a partir de agora...
O RAIO X DO VILÃO:
José Augusto do Amaral (1871 - 1927), filho de escravos advindos de Moçambique e Congo foram comprados por Visconde de Ouro Preto para trabalhar em uma fazenda em Conquista, Minas Gerais.
Nascido nesse local no final da escravidão no Brasil, passou sua infância ao lado de seus pais na lida rotineira na fazenda.
E foi liberto quando ele completou 17 anos com a Lei Áurea sendo alforriado. Não demorou muito, ingressou na carreira militar e ficou em batalhão em batalhão devido ao seu comportamento agressivo.
Em 1926, Amaral chegou em São Paulo em busca de oportunidade de trabalho para sobreviver. Conseguiu pequenos serviços que hoje denominamos de "bico" e tinha facilidade para se comunicar pois também foi mascante vendendo seus produtos de porta em porta.
Sua simpatia e aparência de bom moço durou pouco tempo. Viciado em bebidas e drogas ilícitas, ele sempre arrumava confusão e praticava pequenos delitos e sua vida passou a ser rua cadeia e cadeia e rua.
No final de 1926, Amaral começou a mostrar seu lado sombrio e cruel em plena luz do dia. Desempregado, sem dinheiro e morando em albergues, resolveu entrar para história.
Ele sempre tinha desejos sexuais por crianças e adolescentes do sexo masculino. Obviamente que tinha casos com prostitutas mas sempre era rejeitado por elas.
Vestindo um bom terno e um chapéu simples passeava nas ruas do centro da cidade de São Paulo em busca de vítimas que não eram difíceis de encontrar. Gostava de se misturar na multidão sem chamar muita atenção.
Quando tinha alguns trocados se passava por cliente para ter seus sapatos engraxados e ali escolhia a dedo suas vítimas. Outras vezes, se passava por transeunte e comprava um jornal de um garoto que ditava as manchetes dos jornais atraindo mais compradores naquela época bancas de jornal ainda não existiam.
Às vezes se disfarçava de homem caridoso oferecendo um prato de comida e um refresco às suas vítimas sabendo que se tratava da última refeição e a última vez que eram vistos com vida.
Ele agiu entre o final de 1926 até fevereiro de 1927 quando foi preso.
Tudo começou quando avistou um garoto aparentando seus 14 anos jogando dado com seus coleguinhas de trabalho na proximidade da rua 25 de março. Lugar perfeito para pescar vítimas.
Ele era o mais bonito entre os demais e muito esperto. Aproveitou disso para se aproximar dele. Prometeu mil réis caso o acompanhasse para um serviço de entrega cujo depósito ficava na Vila Esperança, zona leste de São Paulo.
Para convencê-lo que o trabalho era certo e seguro, ofereceu um almoço para ele pois "saco vazio não parava em pé". De pronto, aceitou conversaram muito sobre assuntos diversos, ele tinha facilidade de entreter e ganhar confiança rapidamente.
Ele soube que o garoto era filho mais velho dos seis irmãos que tinha, sua mãe era lavadeira e seu pai era mecânico, moravam em um barraco simples e estava sempre sem dinheiro.
Pegaram um bonde e quando chegou no local ermo e afastado da cidade, atacou-o dando o golpe conhecido como cadeado. O garoto morreu no mesmo instante. Amaral, tirou suas vestes e estuprou e abandonou o corpo ali e fugiu de pronto, sem ser notado por ninguém.
Seu corpo infelizmente foi encontrado de noite quando um homem a pé passou por uma estrada rodeada de mato e tropeçou em algo mole parecendo saco de batatas.
Ao se levantar assustou-se com um corpo embaixo de suas pernas. Era de um garoto que estava somente vestido com as vestes de cima. Ele não perdeu tempo e avisou as autoridades policiais que demorou mais de três horas para comparecer.
Os investigadores inciaram uma caça ao assassino.
Três dias depois mais um corpo localizado. Dessa vez, próximo ao Campo de Marte, zona norte de São Paulo. Estava nas mesmas condições que o primeiro. E um detalhe: tinha marcas de esganadura no pescoço e a vítima da vez era um garoto que aparentava seus 10 anos de idade que estava desaparecido há uma semana.
Dois dias depois mais outro: de um garoto de 17 anos nas mesmas condições e no mesmo local.
A polícia não considerou como homicídios isolados e sim assassinato em série. Como não tinha nada sobre o criminoso, o delegado geral exigiu dos investigadores que refizessem os últimos passos e atraíssem mais testemunhas.
Em fevereiro de 1927, cansado de ler casos e mais casos envolvendo crianças e jovens assassinados da mesma forma, apareceu na delegacia e contou o que viu no desaparecimento do primeiro garoto.
Durante o depoimento essa testemunha era o dono do bar onde Amaral costumava frequentar portando-se de bom moço.
Ele descreveu Amaral perfeitamente e disse ao delegado que ele sempre aparecia no local acompanhado de crianças mal vestidas pagando refeição para elas. Mas ele somente compareceu à polícia pois um dos garotos desaparecidos era filho de um funcionário dele.
Com o retrato falado em mãos, no dia seguinte estava espalhado em toda cidade. Amaral passou a sair de circulação para não ser preso.
Seus crimes não ficaram impunes. Nas últimas semanas antes de ser preso, ele vivia atormentado por aparições e pesadelos com as vítimas querendo enforcá-lo e em outras quase se atirou pela janela pedindo socorro.
Passando por louco, ninguém deu atenção a ele. Na madruga do dia 5 de fevereiro, Amaral estava dormindo quando acordou com sensação de estar sendo sufocado. Ao abrir os olhos, avistou um garoto de 17 anos, uma de suas vítimas em cima dele querendo enforcá-lo.
Atirou objetos no quarto e gritou por socorro, ninguém o atendeu somente ordenou que se calasse e voltasse a dormir.
Ele vestiu-se rapidamente e saiu pela janela andando como bêbado na rua, perseguido pelas almas de suas vítimas chamando-o de assassino.
Não resistiu a prisão e na delegacia, contou tudo o que fez crime por crime. As informações dadas por Amaral esclareceu a maioria deles. Mas negou ter matado 10 jovens e somente confessou 5 assassinatos.
Ele fez questão no dia seguinte de acompanhar os policiais em cada local do crime onde os corpos foram localizados e os que ainda não foram e somente restaram ossadas humanas.
Amaral aguardou seu julgamento preso quando no dia 2 de junho, morreu vítima de tuberculose pulmonar. Não foi julgado e condenado para tristeza das autoridades e alegria aos familiares das vítimas e alívio para a população que seguiu suas vidas tranquilamente e jamais esqueceu aquele serial killer.
Esse foi um breve relato sobre José Augusto do Amaral, o "Preto Amaral" o primeiro serial killer da cidade de São Paulo do século XX.
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